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Artigo – Gastão Mattos
CEO da Braspag, empresa do grupo Cielo
Chegamos à sétima edição da Black Friday no Brasil com um balanço positivo da história do evento. Ao longo desses sete anos, a data promocional, até então acoplada ao varejo eletrônico, ganhou peso e, de forma perceptível, força até no comércio físico. Lojas de todos os segmentos aderiram à ação e mesmo verticais como bancos, financeiras, e outros serviços se lançaram em campanhas de venda associadas à data.
A origem da Black Friday não tem qualquer relação de significado no Brasil – a sexta-feira após o feriado do Dia de Ação de Graças, que nos EUA sempre é comemorado na última quinta-feira do mês de novembro. Sendo uma tradicional ponte de feriado por lá, e devido à proximidade com dezembro, no qual o Natal é (ou era) a principal data de consumo do ano, os varejistas adotaram o mote da Black Friday para abrir a temporada promocional do final do ano.
No Brasil, trazida em 2010 pelo site Busca Descontos, teve como foco inicial as lojas de comércio eletrônico, que interessadas em “aliviar” o pico de vendas do Natal por dificuldades na logística de entregas, apoiaram a criação do evento desde sua origem. O fato é que a data pegou junto ao público consumidor, a despeito de eventuais exageros ou promoções maquiadas apontadas pela mídia porque, de forma preponderante, o mercado percebeu vantagens nas ofertas, e principalmente porque as grandes lojas tinham e têm interesse estratégico no fomento das vendas no período.
A edição de 2017 foi recorde nos EUA, com os norte-americanos gastando mais de US$ 5 bilhões nas compras do dia, o que representa um aumento de 16,9% em relação a 2016, segundo pesquisa da Adobe Digital Insights. No Brasil, também registramos um recorde no volume de vendas online na sexta-feira, 24 de novembro, o maior da história de mais de 20 anos do comercio eletrônico no país. Na Braspag, envolvemos 100% do nosso efetivo para o evento e recebemos mais do que o dobro de transações de pagamento, comparado a mesma data no anterior. No momento de pico, foram quase 100 mil transações recebidas no intervalo de 1 hora – por volta das 14 horas da sexta-feira.
Todos os segmentos comerciais mostraram forte crescimento – roupas, acessórios, livros, lojas de departamento, materiais esportivos, bebidas, entre outros. Em um primeiro olhar, os celulares continuam sendo o item de maior procura, seguido pelos aparelhos de televisão.
Outro ponto a se observar é que embora concentrado na última sexta-feira do mês, várias lojas iniciaram suas promoções antes, muitas até no início do mês, promovendo uma espécie de “Black November”. Também foi prática comum estender as vendas promocionais após as 24 horas da sexta-feira, com forte demanda observada no sábado e domingo sucessivos à Black Friday.
Já nas lojas físicas, tivemos também muita ação de demanda. Campanhas publicitárias em todos os meios, inclusive com forte apelo na televisão. Postos de gasolina, restaurantes e até mesmo serviços como chaveiro ou funilarias promoveram a Black Friday nos principais centros de consumo do pais. Um fato interessante é a adesão das redes supermercadistas que levaram as pessoas a comprarem itens de primeira necessidade na promoção e até mesmo o mercado automotivo aderiu ao evento e montadoras como Volks, GM e Chevrolet também lançaram promoções para atrair consumidores.
A proporção de consumo e mobilização observada faz pensar que a Black Friday está se tornando a principal data promocional do comércio brasileiro, seja online ou off-line. Algo impossível de se imaginar há pouco tempo.